No "Livro da Vida", Santa Tereza D' Ávila define a oração em quatro níveis comparando-os a um jardim que precisa ser regado...
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Dos que começam a ter oração, podemos dizer que são os que tiram água do poço com baldes. É muito penoso, porque se cansam em recolher os sentidos e, como estão acostumados a andar distraídos, tem não pequeno trabalho. Ao menos fazemos o que é de nossa parte, indo apanhar água e empregando meios a nosso alcance para regar as flores. Deus pode pode permitir que o poço esteja seco por motivos que só Ele conhece, e sempre é para nosso maior proveito espiritual. Se fizermos, porém, como bons jardineiros o que está em nossas mãos, Ele, sendo tão bom, sustentará as flores e fará crescer as virtudes, mesmo sem água. Nesse ponto, o que fará quem, após muitos dias de trabalho, só achar secura, desgosto, dissabor, tédio de ir tirar água? Deixaria tudo se não fosse, por um lado, a lembrança de que presta serviço e dá prazer ao Senhor do jardim, e por outro, o receio de perder todo serviço passado, além da recompensa que espera ganhar pelo grande trabalho de lançar muitas vezes o caldeiro ao poço e tirá-lo sem água.
Santa Tereza D' Ávila